Cientistas encontram possíveis evidências de vida marinha extraterrestre. Foto: reporudção / cambrigde university.

Cientistas encontram possíveis evidências de vida marinha extraterrestre 49284

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Substâncias químicas associadas à vida marinha foram detectadas no exoplaneta K2-18b, após análise com o Telescópio James Webb, da NASA. Entenda

Cientistas da Universidade de Cambridge identificaram sinais promissores de vida marinha extraterrestres na atmosfera do exoplaneta K2-18b. As substâncias DMS e DMDS, reconhecidas pelo Telescópio James Webb no exoplaneta, são produzidas exclusivamente por organismos vivos — principalmente por formas de vida marinha microscópica — aqui na Terra, o que leva a descoberta para um novo capítulo na busca por vida em outro planeta. Entenda como o James Webb fez a detecção das moléculas e o que elas significam para a existência de vida fora da Terra. 6n5b1m

Como foi feita a descoberta 57i2p

A descoberta foi possível graças a detecção de moléculas potencialmente associadas à vida. Foto: Reprodução / NASA.

A descoberta foi possível graças à avançada capacidade de observação do Telescópio Espacial James Webb (JWST), desenvolvido pela NASA em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadense. Utilizando tecnologia de espectroscopia — que permite analisar a luz que atravessa a atmosfera de planetas distantes durante o trânsito em frente à estrela que orbitam — o telescópio identificou padrões químicos específicos no exoplaneta K2-18b.

Esses padrões indicam a presença de moléculas como o dimetilsulfeto (DMS) e o dimetildissulfeto (DMDS), gases associados à atividade biológica na Terra. Isso é possível porque certos compostos deixam marcas únicas na luz que chega até nós, como se fossem s químicas.

Grande responsável pela pesquisa, o professor de Astrofísica e Ciências Exoplanetárias no Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, Nikku Madhusudhan, falou sobre o tamanho da descoberta:

“Daqui a décadas, poderemos olhar para este momento e reconhecer que foi quando o universo vivo se tornou ível. Este pode ser o ponto de inflexão, em que, de repente, a questão fundamental de se estamos sozinhos no universo se torna algo que somos capazes de responder.”

Nikku Madhusudhan, professor do Instituto de Astronomia de Cambridge, que liderou a pesquisa.

O JWST utilizou diferentes instrumentos, em momentos distintos, para confirmar esses indícios. As primeiras observações, feitas com os espectrógrafos NIRISS e NIRSpec (que operam na faixa do infravermelho próximo) já sugeriam a possível presença do DMS. Para confirmar os dados, os pesquisadores conduziram uma nova rodada de observações com o MIRI, instrumento que capta o infravermelho médio.

A segunda medição, feita em outro comprimento de onda e com um equipamento diferente, trouxe um resultado ainda mais claro e consistente, aumentando a confiança na descoberta e reduzindo a margem de erro.

Conhecendo o exoplaneta K2-18b 5b2e2t

K2-18b é um exoplaneta com características que sugerem a existência de oceanos. Foto: Reprodução / Cambridge University.

O exoplaneta K2-18b está localizado a aproximadamente 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão, e orbita uma estrela anã vermelha chamada K2-18. Com cerca de 8,6 vezes a massa da Terra e 2,6 vezes o seu tamanho, trata-se de um planeta classificado como “sub-Netuno” — ou seja, maior que a Terra, mas menor que os gigantes gasosos do nosso sistema solar, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

O que torna K2-18b especialmente interessante é o fato de ele estar situado na chamada “zona habitável” de sua estrela, a região onde as temperaturas podem permitir a existência de água líquida na superfície, uma condição essencial para a vida como conhecemos. No nosso sistema solar, por exemplo, essa zona engloba a Terra e Marte.

Observações anteriores já haviam detectado metano e dióxido de carbono na atmosfera do K2-18b, elementos importantes na regulação do clima planetário. Essa composição rica em carbono é compatível com um tipo de planeta conhecido como hiceano — um mundo possivelmente coberto por oceanos e envolto por uma atmosfera densa, composta principalmente por hidrogênio.

Esse tipo de planeta foi proposto teoricamente como um possível ambiente propício ao surgimento da vida, principalmente em formas microbianas. O modelo hiceano representa uma nova fronteira na astrobiologia, pois amplia os tipos de mundos considerados habitáveis para além dos semelhantes à Terra.

“Trabalhos teóricos anteriores previram a possibilidade de altos níveis de gases à base de enxofre, como DMS e DMDS, em planetas hiceanos. E agora observamos isso, em linha com o que foi previsto. Considerando tudo o que sabemos sobre este planeta, um planeta hiceano com um oceano repleto de vida é o cenário que melhor se encaixa nos dados que temos.”

Nikku Madhusudhan, professor do Instituto de Astronomia de Cambridge, em declaração para a própria Universidade de Cambrigde.
Gráfico demonstrando a composição de substâncias na atmosfera do K2-18b – Imagem: NASA, ESA, CSA

Outro fator importante é a intensidade das moléculas observadas. Enquanto na Terra compostos como DMS e DMDS aparecem em quantidades muito pequenas — geralmente abaixo de uma parte por bilhão —, em K2-18b, estima-se que essas concentrações sejam milhares de vezes maiores. Se esses compostos tiverem de fato origem biológica, isso pode significar que a atividade que os gera ocorre em escala muito mais significativa do que aqui. Por outro lado, os cientistas não descartam a hipótese de que esses gases estejam sendo gerados por processos químicos desconhecidos.

Além disso, a densidade e a estrutura do K2-18b indicam que ele pode abrigar vastos oceanos sob sua atmosfera espessa, protegendo possíveis formas de vida contra a radiação estelar. Ainda assim, sua gravidade mais intensa e a composição de sua atmosfera fazem dele um ambiente muito diferente da Terra.

Próximos os para a confirmação 6jx6l

Nikku Madhusudhan aponta que os cientistas ainda precisam realizar novas observações. Foto: Reprodução / Cambridge Independent.

Apesar dos indícios animadores, os cientistas ainda não podem afirmar com segurança que encontraram um exoplaneta habitável. A presença de compostos como DMS e DMDS na atmosfera do K2-18b, embora compatível com atividade biológica, também pode ter razões que não envolvem organismos vivos e ainda não são conhecidas. Por isso, a equipe responsável pela descoberta mantém uma postura cautelosa e ressalta que a validação de uma bio requer não apenas a repetição dos dados, mas também a exclusão de todas as alternativas não biológicas possíveis.

No cenário científico, uma descoberta só é considerada oficialmente confirmada quando atinge o nível de significância estatística de cinco sigma. Isso significa que a chance de o sinal detectado ser fruto do acaso precisa ser menor que 0,00006%. Atualmente, as observações feitas com o Telescópio Espacial James Webb atingem o patamar de três sigma, ou seja, ainda existe uma chance de 0,3% de o resultado não representar uma descoberta real. Para alcançar o nível de confiança necessário, os cientistas precisam continuar as análises e realizar observações adicionais com instrumentos complementares, confirmando os dados de forma independente.

A própria equipe de pesquisadores estima que entre 16 e 24 horas extras de observação com o JWST podem ser suficientes para alcançar a tão esperada marca dos cinco sigma. Além disso, trabalhos teóricos e laboratoriais paralelos serão essenciais para investigar se os compostos observados poderiam surgir sem a presença de vida. Esse cuidado rigoroso é fundamental para a credibilidade do processo científico. Afinal, diante de uma possível resposta para uma das perguntas mais antigas da humanidade — “estamos sozinhos?” —, é imprescindível que qualquer evidência esteja embasada com o máximo de precisão e responsabilidade.

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Veja também:

Fontes: BBC, The Annapurna News e NY Times.

Texto revisado por Felipe Faustino em 17/04/2025

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